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Turismo & Hotelaria

A área de Turismo e Hospitalidade engloba um complexo grupo de atividades econômicas e profissionais bastante interrelacionadas entre si, a ponto de serem consideradas setorialmente ou mais freqüentemente, como uma só, mais abrangente, sob diferentes denominações - turismo e hotelaria, turismo e hospitalidade, hotelaria, restauração e turismo, hotelaria e gastronomia, indústria hoteleira, hospedagem, gastronomia e turismo, turismo de negócios e eventos, turismo, lazer e recreação, viagens e turismo, trade turístico, indústria do turismo, turismo, hospedagem e alimentação ou, simplesmente turismo ou serviços turísticos para todo o conjunto. De modo geral, dizem respeito às atividades resultantes de uma ampla rede de impactos econômicos, sociais e culturais, realizados por pessoas durante seus deslocamentos, estadas e permanências em lugares diferentes do seu entorno habitual, por um período de tempo inferior a um ano e com fins de recreação, descanso, lazer, negócio e outros motivos para a realização de
atos particulares de consumo em lugares onde se ofereçam serviços e bens (Thesauro de Terminos Turisticos y Áreas Afines, de Mario Cifuentes Mendez, Bogotá, Corporación Nacional de Turismo,1996).


A dificuldade de delimitação dessas atividades, inclusive para o fim prático de estatística, é assinalado no informe As Novas Tecnologias e as Condições de Trabalho no Setor da Hotelaria, da Restauração e do Turismo, da Organização Internacional do Trabalho – OIT, 1997. Segundo ele, esta dificuldade reside no fato de que abarca muitos outros setores econômicos, pois utiliza, por exemplo,produtos agrícolas, industriais e artesanais; inclui serviços culturais, de transporte, de seguro e saúde; abrange atividades tais como de alojamento, alimentação, viagens de descanso, de negócios, parques, zoológicos, turismo ecológico, etc. O documento considera todo o conjunto, denominando-
o por três subsetores: o de hotelaria (hospedagem), o de restauração (alimentação) e o de turismo.


A área profissional de Turismo e Hospitalidade ocupa-se da criação de produtos a serem ofertados e, sobretudo, da prestação de serviços turísticos, de hospedagem, de alimentação e de eventos. A produção e a prestação dos serviços de turismo, tais como o agenciamento e a operação turística, o guiamento, os eventos, são desenvolvidas em operadoras e agências de viagens, promotoras de eventos e de animação turística e sociocultural, companhias aéreas, transportadores, hotéis e outros meios de hospedagem, parques, clubes, centros culturais e de lazer, órgãos de turismo, de cultura e esportes, empresas de entretenimento, etc. Os serviços de hospitalidade compreendem basicamente os de hospedagem e os de alimentação.


Os de hospedagem são prestados não só em hotéis e similares, mas também em outros meios, tais como colônias de férias, condomínios residenciais e de lazer, instituições esportivas, educacionais, militares, hospitais, acampamentos, navios, coletividades, albergues, abrigos para grupos especiais, como idosos, crianças, jovens, cumpridores de penas, etc.


Os de alimentação são prestados em restaurantes, bares e similares, comerciais ou não, autônomos ou integrados àqueles vários meios de hospedagem ou a empresas, escolas, clubes, parques,aviões, trens, etc. ou, ainda, em produção para “buffet”, banquete, “catering”, entrega direta, distribuição em pontos-de-venda, etc.
Em decorrência de um conjunto de fenômenos que caracterizam o mundo atual, o mercado de trabalho vem se reconfigurando e colocando novas exigências para os profissionais da área de Turismo e Hospitalidade. Uma delas é a clara revalorização da educação geral, na medida em que ela é condição essencial para todo desempenho técnico-profissional frente aos novos paradigmas econômico-sociais. Passa a ser requerido o desenvolvimento das competências de comunicação e de conhecimentos científicos e socioculturais, próprios da educação básica, as quais podem gerar os atributos de raciocínio e expressão lógicos, de comunicação oral, escrita, simbólica, interpessoal e grupal, de autonomia, de iniciativa, de criatividade, de cooperação, de solução de problemas e de tomada de
decisões.


Nessa mesma ordem de idéias, diz o professor Francisco Cordão (“Escola e Setor Produtivo:Uma Parceria em Busca de uma Profissionalização de Qualidade”) que a “...capacidade de permanente ajuste às constantes mutações do mercado de trabalho, que facilite a mobilidade profissional e que atenda às aptidões e aspirações pessoais dos trabalhadores, aumentando a eficiência e eficácia no trabalho, com satisfação, realização e auto-afirmação, bem como provendo o progresso social,cultural e econômico, exige uma sólida educação básica. A educação profissional, portanto, deve ter
seu início em uma ampla e boa educação básica, o que facilita a criação das necessárias articulações, tanto verticais como horizontais, no mundo do trabalho. (...) O primeiro passo para uma efetiva profissionalização dos trabalhadores estará garantido pela oferta de uma educação básica de boa qualidade”.


Este entendimento, hoje de comum aceitação, de que uma efetiva profissionalização está baseada em uma educação básica de boa qualidade é inteiramente aplicável à área de Turismo e Hospitalidade, já que esta abarca muitos outros setores econômicos e múltiplos bens, serviços e conhecimentos de várias áreas da atividade humana.


Encontra na área de Linguagens e Códigos da educação geral as bases instrumentais e os princípios estéticos, por meio das competências e habilidades desenvolvidas nos estudos de língua e Literatura Portuguesa, de idioma estrangeiro, de Artes, de Informática. Na área de Ciências Humanas (História, Geografia, Sociologia, Psicologia, Antropologia, Filosofia), e na de Matemática e Ciências da Natureza, o repertório e a fonte científica e instrumental para o desenvolvimento das bases tecnológicas e a construção das competências específicas para a área profissional.
Além deste vínculo inarredável com a formação geral da educação básica, a área profissional de Turismo e Hospitalidade tem interface claramente evidente com a área de Gestão, assim como e especialmente com as de Lazer e Desenvolvimento Social, Artes, Meio Ambiente, Saúde, Transportes.


Com a área de Transportes, a interface se faz intrínseca, dado que o turismo é condicionado por eles. Com a de Saúde, na direta relação do turismo para ela voltado, nas viagens e estadas de tratamento e cura e em spas, na “hotelaria hospitalar”, além da óbvia relação das atividades de produção e serviços de alimentação com os aspectos de nutrição e dietética. Com a área de Meio Ambiente, não só pela atenção geral para a paisagem e as questões de preservação, como precipuamente nas atividades do Ecoturismo ou Turismo Ecológico. Com as Artes, desnecessário
insistir na interface e, mesmo, dependência que o Turismo tem em relação ao patrimônio histórico artístico, às manifestações de arte de toda natureza, da folclórica e popular à mais sofisticada e cosmopolita. Com o Lazer e Desenvolvimento Social, pela sua identificação com a função social do uso do tempo livre e com a forma de seu exercício através de atividades de recuperação psicossomática,recreativas, físico-desportivas, de entretenimento, de fruição artístico-cultural, etc. A área de Turismo e Hospitalidade faz, ainda, interface com essas e varias outras áreas, quando se promovem eventos de várias naturezas, tipos, conteúdos e objetivos.


Essas interfaces entre as áreas profissionais são indicativas de conteúdos curriculares comuns
e interligados, o que conduz à recomendação da implantação e do desenvolvimento, concomitante,
seqüente ou alternado, de cursos ou módulos dessas áreas em uma mesma unidade escolar ou em
mais de uma, integradas por acordos, parcerias ou convênios